quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Eu não consigo controlar a glicose do meu filho!!!

ESSE TEXTO CONTÉM DICAS PARA MELHORAR A CONSULTA COM O MÉDICO, NUNCA MUDE A DOSAGEM DE INSULINA SEM CONSULTAR UM MÉDICO!

"- Eu não consigo controlar a glicose do meu filho, a glicada dele é boa mais vive tendo hipo, e quando não é hipo é hiper!"

Isso é tão comum de ouvir nos grupos de bate-papo sobre diabetes.
O Igor também era assim, até ser diagnosticado com DIABETES HIPERLÁBIL, mas o que é isso?

Segundo Freddy Goldberg EliaschewitzI e Denise Reis Franco escreveram em seu artigo , "a hiperlabilidade se manifesta como hiperglicemia persistente (70%), associada ou não a cetoacidose recorrente (52%), ou ainda como hipoglicemia recorrente (12%). Entre 12% e 24% dos pacientes têm formas mistas de instabilidade.
A expressão "brittle diabetes" (diabetes hiperlábil, lábil ou instável) foi cunhada em 1934 por R. T. Woodyatt, que nunca publicou uma definição precisa desse termo, mas viu seu uso se disseminar, sendo imediatamente utilizado para identificar pacientes diabéticos cujas glicemias oscilavam exageradamente, de modo imprevisível e sem explicação aparente."

As causas da labilidade são varias,  e incluem causas orgânicas, muitas vezes os médicos são duros, foram comigo, eles precisam descartar o uso incorreto da insulina, comer fora de hora, pular refeições, refeições insuficientes, contagem errada de carboidratos, todas as possibilidades de falhas humanas no controle, é chato quando fazemos tudo isso e o médico não acredita que fazemos tudo correto e mesmo assim a glicemia é instável.

Quais foram os passos que seguimos até o diagnostico de hiperlabilidade?

1- Garantir que a contagem de carboidratos estava correta.
Compramos uma balança nutricional e um copo medidor, muitas vezes calculamos de olho a quantidade do alimento e quando comparamos com peso da balança, percebemos o quanto o "olhômetro" erra. Com isso ja conseguimos um pouco mais de controle.


2- Seguir a risca o horário das refeições e a quantidade de insulina receitada.
As vezes o intervalo entre uma refeição e outra acaba sendo num horário de 2 horas e em outro de 4, e isso leva a hiper no intervalo de 2 horas, e a hipo no intervalo de 4 horas. Então, toda a rotina foi alterada para que as refeições acontecessem exatamente de 3 em 3 horas. Com isso diminuímos as hiperglicemias e percebemos que as variações glicemias eram iguais nos mesmos horários, acordava com hiper, hipo no meio da manhã, hiper a tarde e a noite e hipo antes de dormir.

3- Corrigir a hipoglicemia corretamente.
Esse e o terror de todas as mães, a hipoglicemia, e não é pra menos, é o maior risco a curto prazo e pode levar ao coma, por conta disso quando identificamos enchemos as crianças de carboidratos que sem sombra de duvidas causa um hiper em seguida.
A correção da hipo é com 15 gramas de carboidratos de rapida absorção, são exemplos:
2 colher de sopa de açúcar diluída em agua (bochechar antes de engolir) ou
1 colher de sopa de mel (bochechar antes de engolir) ou
1 copo de suco de laranja de caixa ou refrigerante normal
2 a 3 tabletes de glicose
Geralmente em 15 minutos o organismo responde elevando a glicose, e ainda assim estiver abaixo de 70mg/dl repetir o procedimento.
Muitas vezes a criança continua sentindo a hipo, se tiver sido muito baixa, mesmo com o glicosímetro marcando glicemias normais, a pessoa pode sentir como se ainda tivesse hipo.

4- Medir 2 horas após as refeições.
Depois de todos os procedimentos acima, a variação glicêmica continuou, então passamos a medir duas horas as refeições e o médico estipulou uma meta para o "pós prandial"(glicemia 2 horas após as refeições), ela não poderia estar maior que 180mg/dl, em alguns horários a pós ja estava baixo o que com certeza resultaria numa hipo 1 hora depois e em outras ela estava bem superior a meta o que levaria a manter a hiper.

5- Anotamos tudo.
Isso é indispensável para o médico entender a variação da glicemia.
Porque?
Quando está tudo sendo feito corretamente e mesmo assim hipo e hiper persistem, talvez seja preciso diferenciadas correções e relação insulina/carboidrato.
Eu notava tudo, horário, quantidade de carboidratos, quantidade de insulina de ação rápida, o horário das hipos, o que comeu pra corrigir... Dá um enorme trabalho, mas o resultado vale a pena, logico quando o médico sabe usar as anotações.
Quando fizemos isso o médico mudou os valores para correções em alguns horários, não era igual 24 horas do dia, e a relação de insulina carboidrato também não era igual para todas as refeições.

Chegamos ao controle ideal? Não, porque o Igor tem uma sensibilidade maior e precisa de micro doses de insulina, como a menor quantidade era 0,5U de insulina com a caneta a opção foi a bomba de insulina, acontecia que se aplicasse 0,5U de insulina ele tinha hipo e se não aplicasse tinha hiper.


Espero ter ajudado principalmente a tirar um peso dos ombros das mamães que se sentem super culpadas pela variação glicemia apesar de todos os esforços.

*muitas vezes as medidas antes das refeições estão boas, mas o valor da glicemia é alto duas horas após as refeições, e isso interfere no resultado da hemoglobina glicada, neste caso também precisa seguir esses passos pra entender melhor a variação e o ajuste inclui mudar a dosagem de basal.

*SEMPRE CONSULTE O SEU MÉDICO SOBRE QUALQUER ARTIGO OU DICAS QUE LEIA NA INTERNET.

*onde comprar balanças nutricionais, a que uso é a mais barata, tem para todos os preços:
http://www.americanas.com.br/linha/285068/utilidades-domesticas/balanca-de-cozinha

Referencia: "O diabetes hiperlábil existe como entidade clínica?", Freddy Goldberg Eliaschewitz; Denise Reis Franco, 2009.

Um comentário:

  1. Meu filho foi diagnosticado recentemente, um mês, tem 12 anos, tenho muitas dúvidas...inclusive sobre o impacto da DM no crescimento, alguém pode falar algo a respeito?

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