sexta-feira, 18 de setembro de 2015

CARTA ABERTA AO MINISTRO DA SAÚDE E SECRETÁRIOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS DE SAÚDE - DIABETES TIPO 1.


Prezado Ministro Arthur Chioro,
Senhores secretários estaduais e municipais de Saúde.

Começo esta carta aberta pontuando que diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, não pode ser evitada e não tem cura, e o diagnostico acontece na maioria das vezes na infância, bem diferente do diabetes tipo 2 que atinge os adultos, embora tenhamos conhecimento de crianças já diagnosticadas devido aos maus hábitos alimentares.


Eu, convivo com o diabetes tipo 1 há 6 anos e alguns meses, mas hoje não escrevo só por mim, escrevo por todos que convivem a mais ou menos tempo com a doença, pois nossas dificuldades são as mesmas.
Depois do choque inicial do diagnostico, todo o processo de aceitação, controle, a parte mais difícil de todo o tratamento é acesso de qualidade aos medicamentos. O Governo Federal fornece insulinas humanas através da FARMÁCIA POPULAR, um ótimo programa que se estende as pessoas atendidas por médicos particulares, mas será que apenas acesso a insulina humana resolve o problema de diabetes no Brasil? Nem de longe.

Algumas pessoas, como é o caso do meu filho, não conseguem um bom controle com essas insulinas e ai, o que poderia ser fácil se torna uma batalha, processos judiciais, mandatos, compras emergenciais, bloqueio de verba publica. Mas depois de uma liminar não deveria ser tudo mais fácil? Mas não é, as secretarias de saúde simplesmente não acatam as liminares, dificilmente tudo que é necessário para essas pessoas que tem um controle mais difícil da glicemia está disponível todos meses, sempre falta alguma coisa.
Todas essas crianças e adultos com diabetes tipo 1, tem tudo para levarem uma vida normal, um futuro sem sequelas, temos diversos exemplos, mas é indispensável que a glicemia seja controlada adequadamente, então no geral fazemos a dança da cadeira, ajusta aqui, espreme ali, um estresse desnecessário, um suspense e ansiedade todos os meses sem saber quando teremos tudo que foi indicado pelo médico. Alem da medicação e insumos ainda precisamos ter uma alimentação saudável, se colocarmos tudo na ponta do lápis, não sobra para o aluguel, contas de consumo, trabalhamos para controlar o diabetes. 

Vocês podem estar pensando, nem todos precisam desses medicamentos de alto custo e vou concordar com vocês, mas é justo que todos terem a mesma avaliação?
No Brasil não temos um programa de educação em diabetes eficaz, a maioria das pessoas nem sabe da importância do teste de glicemia, outra parte nem tem acesso a eles, só sabem como esta o controle quando vão as consultas, e tudo é avaliado por um único teste (pessoas com diabetes tipo 2 com medicamento oral).

Hoje, dentro das redes sociais sobre diabetes, não se fala em outra coisa, faltam insulinas, faltam tiras, faltam insumos. e não se trata de alguns casos isolados, são pessoas do Brasil inteiro.
Uma pessoa que tem diabetes tipo 1 e fique um dia sem insulina pode entrar em coma, e a falta de controle ao longo de 5 anos ja podem surgir as sequelas e são elas que tememos e que todo gestor deveria colaborar para evitar ao máximo, pois são elas que mais geram custos ao estado, são elas que geram aposentadorias precoces, então, TODOS NÓS, portadores de diabetes e seus familiares não queremos tratar sequelas, não queremos aposentadoria, queremos uma vida digna, as glicemias com um controle que é possível, desde que o SUS faça a parte dele, mesmo que mediante a processo judicial ou administrativo.

Senhores, é preciso dar um basta no descaso com o diabetes no Brasil, um acordo foi firmado com a ONU de enfrentamento das DCNT, disponibilizar insulina humana na farmácia popular não basta, é preciso educar a população em relação a possibilidade de se evitar ou reverter o diabetes tipo 2, é preciso medidas mais enérgicas do controle da dispensação de medicamentos, mas que não falte a quem precisa.
O tratamento de diabetes é individualizado, não é possível generalizar e determinar um numero máximo de dispensação de tiras, não é possível afirmar que entre uma seringa e uma caneta, a caneta é luxo para uma criança se aplicar insulina.
Se o estado fornece uma bomba de insulina mediante a mandato, não faz sentido não serem pontuais na entrega dos insumos, a bomba de insulina é justamente para diminuir os riscos, mas sem os insumos ela não funciona, e sim, tem que trocar a cânula de 3 em 3 dias porque o corpo a rejeita depois disso e não absorve a insulina introduzida por ela.
É preciso criar politicas de enfrentamentos mais eficazes.
Educar o paciente, avaliar se ele não teve melhora com insulinas mais baratas por falta de informações de qualidade, para que então todo o processo de dispensação seja justo não só para as pessoas com diabetes mas também com os cofres públicos.


NÃO QUEREMOS A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE!

Queremos um sistema que funcione de forma a colaborar para o melhor controle de nossas glicemias porque não queremos sequelas por falta de opção, porque a pior coisa é você saber que seu corpo esta se deteriorando por que alguém não fez a parte dele(a), alguém quebrou as diretrizes do SUS, alguém não deu a atenção devida as pessoas com diabetes no Brasil, alguém deixou a desejar na sua logística de compras e licitações.

QUEREMOS UM DEBATE AMPLO QUE GEREM MUDANÇAS POSITIVAS NA VIDA DAS PESSOAS COM DIABETES NO BRASIL!

Novembro é o mês de atenção ao diabetes e qual a programação do SUS?
Como esta data será vista pelos gestores?
O mundo inteiro esta voltado para o enfrentamento do diabetes, o Brasil também esta incluído?
Quais são as politicas publicas de enfrentamento?
Nós queremos mudanças!

VAMOS AGIR AGORA?

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